Porque pintar unha apenas de vermelho quando há tanto por onde escolher?

sábado, 13 de outubro de 2012

Desafio Arranjei um 31 #28 LIVRO (PARTE I)

Para este desafio #28 LIVRO puxem de uma cadeira confortável, liguem o som e peçam emprestado um tempo na vossa vida real, porque eu vou escrever um bocadoooooo. 
Ainda não vou mostrar a minha mani, só o polegar para atiçar vossas lombrigas... sim, vou falar primeiro sobre o livro escolhido - EVO - de uma autora que todas vcs conhecem muito bem =) e a razão de esse ser a parte I deste desafio: Eu lancei um desafio (dentro deste desafio) a todas as meninas que têm este livro e a algumas que estão esperando ter para o ler. Propus a cada uma dessas meninas fazerem EVo e aceitaram com entusiasmo. Tenho curiosidade de ver como interpretariam esmaltisticamente o que a autora escreve neste livro. Essa será a parte II publicarei aqui a mani EVO das meninas.

Melhor do que falar sobre este livro, escolho dois excertos, porque EVO é também um curioso jogo de palavras entre dois narradores - Ele e Anita - que não estão no mesmo tempo, no mesmo lugar e contudo são uno.

Art Of Noise - Moments In Love

Começo pela Anita. Apesar de ser uma personagem 'biografizada', hoje sou uma mulher diferente e principalmente sinto diferente da menina tímida que reconheço nesta foto com 20 anos. Fecho os olhos e no meu imaginário de autora não deixo de a sentir equidistante do meu eu, mas suspensa na voz de timbre meigo, quase de menina, da Sophia Vieira que lhe deu vida numa doce interpretação de um texto gravado para o lançamento do livro, tal como não me liberto das imagens tranquilas das fotos da Bárbara Carvalhal captadas na praia da Nazaré (a que escolhi para capa do livro Evo e outras que publico aqui hoje), que acabo por indubitavelmente as associar à ideia por mim arquitectada da personagem "Anita". E como num blog podemos ir mais além da palavra escrita de um livro, deixo-vos com um dos textos de "Anita", rodeado de sons e imagens que eu escolho para voar liberta de tudo, num todo que por fim se encontra em evo.

ouvir aqui a personagem "Anita" do livro EVO


Ser Feliz.
Desde sempre é o meu desejo, quando fecho os olhos depois de soprar as velas do bolo de aniversário.
Ser Feliz.
Ao passar a meia-noite de final do ano, o momento tolo em que, por um breve segundo, achamos que tudo vai ser perfeito.
Ser Feliz.
Acredito que a Felicidade é constituída apenas por breves momentos.
Se a ambição mais secreta de todas as pessoas é serem verdadeiramente felizes, então cabe a cada um de nós sabermos reconhecer cada uma das oportunidades que nos é dada, aproveitá-la e apreciar intensa e demoradamente.

Podem ser momentos simples, como ver o sol espelhado no mar, sentindo o aroma intenso da maresia a impregnar-nos a alma, com o som das ondas a rebentar nas rochas, e sentados na falésia soprar bolinhas de sabão que o vento leva até à praia.
Passar num jardim com o sistema de rega avariado, não resistir à criança que há em nós, descalçar as sandálias, saltaricar de braços abertos pisando a relva molhada, e ser suavemente aspergida enquanto, por um breve segundo, se avista, por entre a bruma produzida pelo gotejar compassado, a inextinguível sedução do arco-íris...
Pode ser um luxuriante espectáculo de fogo-de-artifício numa quente noite de Verão.
Numa manhã fria de Inverno entre o duche e a correria para sair de casa a horas, ao pendurar, como todos os dias das nossas vidas, a toalha húmida no lavatório, damo-nos conta que os passarinhos estão a cantar e sorrimos com a ideia da Primavera estar prestes a chegar... também de alguém que passa todos os dias por baixo da janela e que assobia tão bem – pena que seja um hábito em desuso, é tão agradável!
O cheirinho a terra molhada durante uma súbita primeira chuvada; pisar as folhas estaladiças caídas no Outono; um soalho acabadinho de encerar; o odor forte da gasolina... claro, esta é a minha visão, a memória dos meus sentidos, as minhas mais queridas recordações.
Sei que muito boa gente odeia o cheiro a gasolina, ou quem em criança teve penosamente de encerar a casa de família de joelhos, não suportará sequer a ideia de um soalho de madeira sem verniz, tal como eu odeio gatos... mas essas são outras histórias.
Estes breves instantes são porventura os mais ternurentos do nosso dia, mas vivemos tão intensamente nesta azáfama desenfreada que nem os apreciamos devidamente. Desaprendemos simplesmente a reservar tempo, o precioso tempo do nosso corrido dia, para um sorriso da alma. Quem não suspirou já por um dia ter tão-somente 24 horas?


Deve ser por eu ainda acreditar no Pai Natal que consigo parar e acompanhar o voo de um bando de andorinhas que, quando volteiam no céu e apanham o Sol no ângulo certo, irradiam um tom prateado no seu voar, parecendo num ápice que se irão transformar em fadas madrinhas.


Agora Ele. Depois da personagem "Anita", vamos falar dele. A personagem sem nome, porque assim o decidi.
Love - Art of Noise
E na realidade parece-me fácil entender o porquê: se na parte do livro 'biografizável' existe alguém que à autora não apeteceu dar-lhe cara, nome e o põe a morar num improvável nenhures, é porque não pretende revelar a identidade da pessoa! Simples. Por isso, no livro, ele é sempre "Ele".
E se na personagem "Anita" eu enquanto autora tive de lidar com meus próprios limites, imaginem como encurtei as balizas para com alguém que não pretendi nunca 'biografizar' ou expôr. Antes brinquei com o esconder a verdadeira identidade. Até na personagem que apareceu no Facebook 'pedi emprestado' um olhar matreiro apenas porque consegui uma foto em que os olhos têm as duas cores necessárias à personagem. . . e ainda assim usei sempre a foto editada para nunca revelar a identidade.
Já para a gravação da voz da personagem quis um timbre quente porém forte, cativante no sonido de um sotaque que me encanta. Obrigada Joe Santos por dares a tua voz à personagem "Ele".

:
ouvir aqui a personagem "Ele" na interpretação de Joe Santos

Segredo meu este, escrito a tinta permanente que subsiste arreigado, cravado debaixo da pele. É de sempre, é como o sinto. Quem o sabe, sempre o soube, acompanha-me na sombra adivinhada do meu silêncio. Eu assim o escolhi – não falar, não pensar, julguei que com o tempo, muito tempo, pararia de o sentir. Pero no. No silêncio cresceu puro e apropriou-se do voo alado da minha imaginação e vive, reinventa-se no campo solitário do meu agir interior.

Esta penosa sensação que me acompanha de ter sempre escolhido um outro caminho das melhores opções para a minha vida, advém de, naquela primeira grande encruzilhada, ter ido embora de Portugal quando deveria ter avançado sem medo ou hesitações no sentido de quem eu queria, quero: Ana. Três simples letras e encerram o meu segredo. Rendido, ajoelho-me sem acção junto da arca e desta vez sinto força para, ao levantar a tampa, a encarar: 
Uma caixa azul de 30 por 40 em que confinei cartas, músicas, gestos, cheiros e emoções, calculei que era o que bastava. Pouso o cigarro no cinzeiro e, ao destapá-la, vem agarrada a vida que queria ter vivido. Segredo há muito adormecido, este meu, deixo escorregar o meu corpo encostado à parede, sentando-me, cruzo as pernas com vagar, pois tenho a caixa aberta no colo, vou tocando em cada momento guardado, acaricio contornos de memórias não esquecidas, acordo e recordo emoções, distanciado e esquecido do cigarro que lentamente se consome.
Segredo este meu, escondido há tanto, mas nunca olvidado. Se a buscasse agora ela… aún se acordaria de mi? Tomo o atado de envelopes na mão e encontro a letra bonita de Anita meio difusa. Aproximo-as do meu rosto, encosto ao nariz e inspiro. Se antes emanavam um perfume acitrinado, agora só me cheiram a papel envelhecido.
Parecerá uma história de amor desenganado no tempo e na vontade igual a tantas outras, mas não. Porque és la mia, un dulce amor, como canta Serrat na canção “Aquellas pequeñas cosas”,

«Uno se cree que las mató el tiempo y la ausencia.
Pero su tren vendió boleto de ida y vuelta.»

Volto a tentar focar-me na letra manuscrita tão minha conhecida. Pestanejo e afasto naturalmente o braço tentando ganhar campo de visão. Por Dios!, penso, é também nestas pequenas coisas que sinto como os anos passaram, começo a já não ver nada sem os óculos de perto! Levanto o olhar e não alcanço onde deixei os óculos. 
Mergulho de novo na caixa. Por baixo das cartas e das cassetes com música, encontro fotos nossas, livros amarelecidos e procuro o manuscrito impresso em folhas A4. O primeiro livro que Anita escreveu – Evo – e nunca quis publicar, guardando-o para um dia mais tarde na sua vida. Mas quando o mais tarde não se torna demais? Porque a vida pode acabar-se num segundo sem ter tempo de preparar quem nos rodeia, sem ter tempo de sequer argumentar, Ah!! eu ainda quero mais um bocadinho para fazer tudo e tanto!
Não disse o que queria nem fiz o que preciso, urge ainda fazê-lo enquanto tenho tempo. Ainda terei tempo? Será o meu bilhete de ida e volta? Pensar que um dia o relógio vai parar deu-me uma premência de querer o tudo antes de a cortina descer, antes do tanto que persisto em alcançar – o todo que eu sei perdido algures no sempre. Quiero volver a leer. Quiero volver a…
Desassombradamente decido que este fim-de-semana vou embrenhar-me no livro! Deixo a caixa aberta no chão e num pulo levanto-me, pouso o manuscrito sobre a manta, e ainda antes de me esticar no sofá, agasalhado com a manta a tapar as pernas para começar a ler,
 espalho algumas das nossas fotos que sei de cor na mesa e vou em busca de uma garrafa de água e dos óculos, por Dios!, mis gafas!, ...mis gafas, nunca me acuerdo donde las he dejado!!!! É que já não consigo ler sem eles…!
Poderia literalmente pincelar o arco-íris na mani que tentaria expressar EVO, mas é tão mais além qque tantas cores, artes e acabamentos servem, contudo nenhum me satisfaz... EVO é por definição a medição de um tempo sem fim, como escolher-lhe uma só cor?, como aprisioná-lo numa fugaz art nail?, se EVO nem fim tem? 
Então decidi fazer uma homenagem a uma amiga, a Simone (Si Mony) que depois de ler sobre o EVO me enviou esse esmalte maravilhoso um meeega glitter em tons de verde e azul o nº13 da Essence "Mrs and Mr Glitter" e quando digo mega-glitter é mesmo muito grande, como podem ver na imagem. Usei de base um esmalte que a Sandra me ofereceu no meu aniversário, SEREIA da IMPALA, e no anelar o meu favoritinho PACIFIC da MIYO. No Polegar, em vez do Topper Efect, desenhei o nome do livro - EVO - usando o Sereia de base e o Pacific na arte.
Se pensarmos em termos de cores, a ideia que mais se destaca será AZUL E VERDE, como já havia escrito no post do desafio anterior #CONVERSAR - em que as cores azul e verde conversam bem juntas - porque são as cores dos olhos de uma personagem do livro. Todo esse "jogo" entre o azul e verde não é de sedução, é de muito amor e será um dos momentos mais comoventes do livro esse pequeno detalhe nos olhos dele. Poderia ter escolhido este momento: «Deve ser por eu ainda acreditar no Pai Natal que consigo parar e acompanhar o voo de um bando de andorinhas que, quando volteiam no céu e apanham o Sol no ângulo certo, irradiam um tom prateado no seu voar, parecendo num ápice que se irão transformar em fadas madrinhas.» mas escolhi a cor dos olhos, com o brilho inequívoco de quem ama de verdade.
Mas esse é um topper que se salienta muitooo precisava algo mais simples que me fizesse sentir em casa... e nada como um favoritinho! Então passei o Pacific e usei o topper no anelar de filha única com "Mrs and Mr Glitter" e essa sim é a minha escolha de mani para EVO e o momento do livro que escolhi, o que sempre escolheria, é o que as personagens percebem o  real significado dos olhos mudarem de cor. Se o povo diz com alguma ligeireza que os olhos são o espelho da alma, estes olhos que mudam de cor quando está feliz (são olhos verdes e um permanece verde e o outro muda para azul), então como não entender, para quem o vê passar a azul que a pessoa está feliz? E o que pode dizer a única pessoa que SEMPRE os viu a verde e azul, que achava que era essa a cor fixa dos olhos, porque nunca estavam verdes na sua presença? Querem melhor forma de poder aferir o amor? O verdadeiro amor? Porque eu não conheço algo tão, tão patente, vibrante e apesar da grandeza, tanta singeleza num simples olhar!!!

... esperem só pela parte II deste desafio LIVRO, eu estou ansiosa de receber as fotos das meninas que estão a fazer EVO!!!

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